Por uma sociedade mais crítica e conectada

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(Foto: Freepik)

Por uma sociedade mais crítica e conectada

O Brasil deve adotar medidas enérgicas e estratégicas para se precaver contra os algoritmos das redes sociais, escreve Kleber Santos

Publicado por Brasil247 em 18 de janeiro de 2025

A alienação no uso das redes sociais é um fenômeno preocupante e um dos resultados foi a desinformação amplamente divulgada nesta semana a respeito do PIX, vivemos na era digital em que bilhões de pessoas consomem diariamente informações de forma passiva, sem questionar sua veracidade ou impacto que o compartilhamento causará.

Estudos recentes revelam que o excesso de tempo gasto em plataformas digitais pode levar à dependência, à superficialidade nas interações e à disseminação de desinformação. Para combater esse cenário, é essencial formar indivíduos com capacidade crítica, capazes de analisar conteúdos com discernimento e compreender os mecanismos por trás dos algoritmos que moldam o que vemos online. Somente com uma formação consciente será possível utilizar a tecnologia de maneira equilibrada e construtiva, promovendo um ambiente digital mais saudável e informado.

É fundamental que a educação vá além da memorização de conteúdos, incentivando o debate, a pesquisa e a argumentação fundamentada. Temos com o governo Lula a oportunidade de ouro de formar pessoas com o diferencial que é a capacidade de análise, inclusive por que a desigualdade social não se manifesta apenas na falta de acesso a recursos básicos, mas também na exclusão digital e na vulnerabilidade à desinformação. A inclusão e o letramento digital emergem como ferramentas essenciais para mitigar essas disparidades e garantir que todos os cidadãos possam usufruir plenamente dos benefícios da era digital, ao mesmo tempo em que se protegem contra as ameaças cibernéticas. Outro fator relevante que deve ser observado é que a exclusão digital não se limita à ausência de dispositivos tecnológicos ou à falta de conexão com a internet. Ela se traduz, também, fortemente na incapacidade de interpretar criticamente as informações disponíveis no ambiente digital.

Grande parte dos indivíduos, mesmo aqueles que possuem acesso aos smartphones e redes sociais, não dispõem das habilidades necessárias para distinguir informações confiáveis de conteúdos manipulados, tornando-se alvos fáceis para campanhas de desinformação e notícias falsas promovidas propositadamente por uma extrema direita indecorosa. O letramento digital, portanto, deve ser entendido como um processo educativo contínuo, que capacita as pessoas a utilizarem as tecnologias de forma crítica e consciente. Isso inclui não apenas a habilidade de operar dispositivos, mas também a compreensão dos mecanismos de produção, disseminação e checagem da informação. Assim, indivíduos mais bem preparados digitalmente podem participar de debates informados, tomar decisões mais embasadas e contribuir ativamente para uma sociedade mais democrática e justa.

A promoção da inclusão digital e do letramento digital deve ser uma prioridade das instituições educacionais, organizações da sociedade civil e principalmente para os governos progressistas que são os grandes alvos desse esquema das fake news. Isso pode ser feito por meio de políticas públicas voltadas para a ampliação do acesso à internet, da implementação de programas educacionais voltados para a alfabetização midiática e digital, da criação de espaços comunitários onde a população possa desenvolver habilidades tecnológicas, mas pra isso precisamos de investimentos qualificados nesse sentido.

A cada dia fica mais claro que é fundamental que as grandes plataformas digitais assumam responsabilidade na moderação de conteúdos e na promoção de práticas que incentivem o consumo crítico da informação. O governo federal precisa radicalizar quando o assunto for as bigtechs, elas podem muita coisa, mas não podem tudo, é mais que necessário unir esforços com os outros Poderes em busca de uma solução que atenue esse quadro preocupante, onde ainda temos o sentimento das redes serem uma espécie de “terra sem lei”. Atacar as desigualdades por meio da inclusão e do letramento digital não se trata apenas de garantir o acesso à tecnologia, mas também de fornecer às pessoas as ferramentas necessárias para interpretar, questionar e utilizar a informação de forma consciente.

É preciso entender que indivíduos bem informados contribuem para a estabilidade econômica e política do país. Um exemplo recente ilustra essa necessidade: a disseminação de informações enganosas sobre o PIX ganhou grande proporção nas redes sociais, a ponto de exigir a intervenção de um Ministro de Estado para esclarecer os fatos em rede nacional. Esse episódio reforça a importância de combater a desinformação e questionar o papel das plataformas digitais, que, seja por falhas nos algoritmos ou por interesses políticos e comerciais, amplificam conteúdos sem a devida checagem.

O Brasil deve adotar medidas enérgicas e estratégicas para se precaver contra os algoritmos das redes sociais que favorecem conteúdos explorados politicamente. Essas plataformas, podem e estão querendo moldar a opinião pública de maneira artificial e tendenciosa. Para enfrentar esse desafio, é fundamental que ocorram investimentos na fiscalização e regulação das redes sociais, garantindo maior transparência sobre o funcionamento dos algoritmos e seus critérios de recomendação. O fortalecimento da imprensa independente e o incentivo a plataformas que priorizem informações verificadas também são medidas necessárias para equilibrar o espaço digital. Somente com transparência, educação e regulação será possível minimizar os impactos negativos dos interesses dos grandes conglomerados que influenciam o fluxo de informações e podem comprometer a integridade do debate público.

 Kleber Santos  Ativista social em defesa da democracia

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