As responsabilidades do PT aos 41 anos

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Militância e bandeira do PT (Foto: PAULO PINTO)

As responsabilidades do PT aos 41 anos

“O PT tem principalmente que ocupar o lugar central na polarização contra o governo, assumindo suas responsabilidades de força de esquerda hegemônica no país”, defende o sociólogo Emir Sader

8 de fevereiro de 2021

O PT cumpre 41 anos. Em pouco tempo de existência, o partido conquistou um lugar central na esquerda brasileira e no Brasil. Tornou-se, rapidamente, o partido mais importante da esquerda brasileira. Porém, mais do que tudo, protagonizou os governos mais importantes da história do país.

Em 23 anos de existência, o PT assumia o cargo mais importante do país, elegendo, pela primeira vez, um líder sindical como presidente da República. Enfrentando o ódio da direita e da mídia, realizou os governos mais virtuosos da nossa história, diminuindo as desigualdades, a fome, a miséria e a exclusão social como nunca antes na história brasileira. Projetou o Brasil no exterior e Lula como o maior estadista da sua época, valorizando a imagem

Foram conquistas por méritos do PT. O que lhe impõem grandes responsabilidades, ainda mais porque a reação de direita no Brasil aos governos do PT levou à pior crise da nossa história. A direita se uniu em torno do Bolsonaro, alguns setores da direita hoje têm diferenças com o governo, mas Bolsonaro se erigiu no grande líder da direita, transformada em extrema direita.

E o eixo do polo alternativo é inevitavelmente o PT. Porque é o maior partido da esquerda, porque é o partido que protagonizou os governos da esquerda, os de maior sucesso na história política brasileira, porque tem entre seus dirigentes o Lula, o maior e mais importante líder político brasileiro. Porque é o único partido com enraizamento nacional, porque tem vínculos diretos com os principais movimentos sociais, porque tem vínculos e prestígio internacional que nenhum outro partido possui.

Pelo papel preponderante que o PT passou a ter na esquerda e no país, suas responsabilidades são maiores, são centrais para sair da pior crise da nossa história. O PT tem que jogar todas suas forças para restabelecer a democracia no Brasil, para recuperar um projeto de governo que cuide de todos os brasileiros, que os favoreça, que resgate o Estado brasileiro como instrumento que promova as condições de vida da população, que recupere a imagem do Brasil no mundo.

Para isso o PT precisa se capacitar para reconquistar o governo e voltar a dirigir o Brasil. Precisa encabeçar a luta pelo impeachment, pela manutenção do auxílio emergência, pela vacina para todos e já e pela redemocratização do país. E, caso a substituição do governo se projete para 2022, ganhar as eleições de 2022.

Precisa, para isso, recuperar os direitos políticos plenos do Lula, porque precisamos do Lula como candidato e, sobretudo, como presidente do Brasil, tão gigantesca será a tarefa de reconstrução do país. Precisa fazer uma campanha nacional, mobilizando a todos os que se disponham a lutar pelos direitos do Lula, de juristas e de dirigentes políticos, para a recuperação dos direitos políticos do Lula.

Precisa renovar suas formas de ação e suas formas de organização. Redistribuir seus membros, diminuindo os voltados para a estrutura interna e aumentar exponencialmente os diretamente vinculados ao trabalho de massas e à formação política.

Precisa voltar a se constituir, aos olhos do povo, no partido das alternativas. Precisa renovar sua militância, incorporando maciçamente jovens, mulheres, negros, rejuvenescendo e mudando a cara pública do partido.

O PT precisa retomar, com vigor, seu trabalho internacional, sobretudo o voltado para a América Latina, que volta a viver processos intensos de recuperação das forças e dos governos de esquerda. Voltar a promover iniciativas internacionais, que promovam a reorganização da coordenação das forças progressistas na região.

Mas tem, principalmente, que ocupar o lugar central na polarização contra o governo, assumindo suas responsabilidades de força de esquerda hegemônica no país. E passar a atuar, desde agora, com mobilizações e campanhas de rua, na perspectiva da vitória da esquerda nas eleições de 2022.


Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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