O covid-19 e sua maior tragédia

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“Ou nosso país renascerá unificado e solidário da maior catástrofe deste século. Ou não sairá,” escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

31 de março de 2020, 05:33 h Atualizado em 31 de março de 2020, 08:17

(Foto: Brasil 247)

247, por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia – O empenho de Bolsonaro para sabotar diariamente a luta nacional contra o novo coronavírus apenas confirma  a necessidade de encontrar uma saída que interessa à maioria dos brasileiros e brasileiras. 

Em março de 2020 restam poucas dúvidas sobre a necessidade do país preservar o confinamento horizontal para minimizar – na medida do possível –  o sofrimento prometido pelo covid-19. 

A escancarada desigualdade brasileira, herança de um passado que não é preciso recordar aqui, nos trouxe uma tarefa suplementar, porém.   

Será indispensável fazer um esforço para incluir a imensa parcela da população – metade ou até mais – prejudicada por uma história de injustiça e exclusão que não lhe permitiu formar renda nem ter meios próprios para proteger-se nessa hora terrível, em que até  ricos e poderosos se sabem ameaçados. 

Não se trata de uma questão menor. Aqui, toda omissão implicará o risco de transformar o confinamento num desastre histórico, onde a parcela bem nascida tentará mais uma vez conviver cinicamente com o massacre de outra parcela – imaginando que a parte inferiorizada irá se portar como gado a caminho do matadouro. 

Um bom resumo da situação encontra-se nas linhas seguintes, que descrevem a atitude daqueles que, na cúpula do Estado e das grandes fortunas, seguem trabalhando pela fórmula dos mais ricos que tentam ficar cada vez mais ricos, em qualquer circunstância: 

“Mesmo com excesso de recursos no sistema bancário, as instituições não querem correr riscos e estão elevando suas taxas, especialmente nas operações de curto prazo (capital de giro). Ou seja: o crédito irá fundamentalmente para empresas de grande porte, justamente as que são capazes de suportar condições econômicas hostis.”(Julio Wislak, Folha, 29/3/2020). 

Estamos falando de vidas humanas – esse valor insubstituível – mas não apenas biológico. 

No aqui e agora, é impossível enxergar o destino que espera cada país – e mesmo cada indivíduo – naquele novo  momento histórico, sem data marcada, quando imaginamos que a pandemia terá terminado.

Mas é possível, desde já, entender um ponto. Ou nosso país renascerá unificado e solidário de uma tragédia dessa profundidade. Ou não sairá. 

O esforço que for feito hoje em cada nação para proteger o conjunto da população representará o passo decisivo na preservação de sua riqueza, sua cultura e, muito provavelmente, sua soberania. A possibilidade de futuro, enfim. 

Sabemos que os fatos históricos não se repetem. Mas aprendemos uma lição duradoura. O caminho que homens e mulheres de um país escolhem para resolver perigos e ameaças de cada momento costuma definir o país em que poderão viver no futuro. 

Alguma dúvida?

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